sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pedir um favor: daria uma enquete

Foto da Internet preparada no Photoscape por Patrícia Ventura com frase do Colunista paraense Pierre.

Confesso que estou meio perdida para escrever este texto, sei o que quero dizer, mas, não quero colocar de qualquer maneira, há dias enquanto dirigia pensava nessa foto logo acima e sabia o que realmente queria dizer neste texto, entretanto, ao chegar perto da folha de papel do Word as palavras engatam na garganta.
Mas, vamos por parte, durante minha infância fui criada de um modo a não ter que pedir nada a ninguém, isto estava explícito na minha educação, naquela época fazer isso era como se a criança chamasse um palavrão ou fizesse algo muito errado.
Até, os meus 19 anos convivi diariamente com esse exemplo de atitude, achando que realmente isto era o certo, porém, depois dessa idade fui levar outro tipo de vida, novo endereço, marido, novos vizinhos, novo bairro e novos parâmetros socioculturais, novas amizades e essa gama de variáveis serviram para me mostrar nuances de estilos diferentes de vida.
Mas o que era diferente? Eu tinha vizinhos que me pediam até mesmo o café da manhã, claro que servir todos os dias era bastante desagradável, mas, com o passar dos anos muitos de meus vizinhos também me serviram. O mais interessante de tudo isso é que segundo a minha criação eu jamais iria pedir algo aos meus vizinhos, o cara de pau era o meu marido, era como se houvesse uma barreira dentro de mim.
Tudo é construção e ao longo do caminho fui construindo uma trajetória e sempre colocando um tijolinho na obra de minha estrutura psíquica e emocional e me formando como gente, como ser humano, isto se chama evolução. De repente eu já me atrevia a pedir uma coisinha aqui, outra ali. Vamos ver se lembro de algum pedido para exemplificar: eu cozinhava bastante e sempre que faltava uma cebola, por exemplo, eu pedia para minha vizinha Lourdes, uma pessoa do povo, humilde, mas, muito boa de coração; pedia também a batedeira de bolo dela e os pedidos permeavam sempre no ramo da culinária.
Um dia estava dentro de um estacionamento, na área do comércio, isso foi em 2007, logo no inicio do ano e na hora de pagar eu não tinha nenhum tostão furado, mas tinha em minha bolsa três vales transportes e então, me enchi de coragem e fiz negócio lá com os vales e tudo deu certo, paguei com os vales a estada de meu carro no estacionamento. Eita, esse dia foi o bicho, eu estava dirigindo somente há três anos e o estacionamento cheio de curvas fechadas e altitudes, realmente estava com muito medo e agora ao lembrar vejo o quanto eu aprendi e agradeço a Deus por isso.
Bem, na arte de “pedir”, confesso que sou muito metódica e sempre começo “comendo pelas beiradas”, com muita “dança de rato” e “sapateado de catita”, ao passo que observo pessoas que tem a “boca mole” para pedir. Lembram quando falei de enquete, lá no título deste texto? Pois é, gostaria que os leitores lessem o texto em sua totalidade e opinassem, dessem o seu parecer, com certeza que a opinião sincera de cada pessoa que quiser demonstrá-la me ajudará a construir reparos dentro de mim com relação a este assunto.
Ainda quero compartilhar mais uma situação envolvendo a “arte de pedir”: passei quatro rápidos anos na faculdade e se faltei quatro vezes foi muito, lá aprendi  a conhecer o ser humano como sempre digo. Uma das vezes que faltei foi por chegar tarde e não ter vaga para o meu carro e as outras não lembro, só sei dizer que por doença não foi. Nesses quatro anos aproveitava para adoecer nas férias rsrs, verdade mesmo, só acontecia nas férias, que bom. Acho que o cérebro já estava programado para isso acontecer.
Todavia, eu entrava em desespero para pedir as aulas para os meus colegas, a verdade é que eles falavam e eu não entendia e para emprestarem cadernos eles faziam “cú doce” e eu me sentia muito humilhada e infeliz. Mas quando era para eu emprestar eles iam pedindo e logo com jeitinho tiravam o caderno das minhas mãos, eu não faço isso. E o meu cuidado em pedir, a maneira metódica de ser só fazia com eles ficassem cada vez mais difíceis e colocassem muitos obstáculos.
Só que um dia a minha colega de trabalhos, costumávamos dizer “a minha dupla” me disse que eu deveria trabalhar isso em minha pessoa, ela disse: “você não pede Pat, como é que vamos saber que você quer”, o pior que quando eu pedia sempre encontrava um NÃO pela frente ou “caras e bocas” ou pessoas descontentes ou dizendo que SIM, porém dificultando o processo do empréstimo do caderno ou similar.
Égua dá até para pensar que o problema está em mim... Sei que em parte sim. Mas daí vivi outras situações: estagiei em uma empresa de eventos de uma professora que ministrava aulas em nossa turma. Um dia, ela me disse em conversa que eu era muito boazinha e que eu tinha que aprender a ligar o “botão do foda-se”. Hoje vejo a importância de cada professor, de cada mestre que tive... E ela como boa geminiana só aconselhava a “chutar o pau da barraca”... Sei que às vezes é preciso, mesmo.
Para fechar digo que tenho uma família muito pequena, sempre que posso faço o que todos me pedem, se não posso naquele momento arranjo um esquema e faço num momento que não agrida os meus afazeres, só quero que as pessoas me procurem com uma ligeira antecedência para que eu me organize. Mas vejo que o problema do PEDIR ainda está encravado na minha família como algo mau e ruim. Sempre que peço algo a eles ou fazem falando ou não fazem e eu me sinto humilhada.
Não adianta se chegar com boas maneiras, há sempre uma frase mal dita ou chaveco e aí eu me pergunto como trabalhar o ato de pedir em mim (como disse minha colega), se ao pedir eu já encontro empecilhos? Ainda para minha maior agonia sai essa frase que está escrita sobre a foto no jornal do dia 15/04/12 do colunista Pierre.
Fica o dito, opinem por favor, digam o que lhe parece...


Um comentário:

  1. Boa noite minha amiga.
    Vc sabe que recebi a mesma bagagem que vc.
    Eu tbm fui ensinada a não pedir nada para ninguém, a muitas vezes sufocar as minhas necessidades e sentimentos.Não culpo a minha mãe e avó que teve participação efetiva na minha educação por ter vivido um certo período com ela.Pois hoje sei que elas tiveram uma educação repressora e se fez um efeito dominó.
    Até hoje tenho dificuldades em pedir ou aceitar o que quer que seja.
    Para exteriorizar as minhas necessidades tem que ser com alguém de inteira confiança, e com certeza sou cercada por algumas destas pessoas.
    Sou mais de emprestar, doar, enfim, a porta da minha casa está sempre á disposição da vizinhança para o que quer que necessitem e sempre sou solicitada para isso.
    Precisamos nos livrar destas cargas afim de nos tornarmos mais leves e flexíveis, pois muitas vezes vamos estar em situações que exigirão esta atitude de nós, como as que vc se viu muitas vezes.

    Não concordo com a frase acima na imagem, não devemos ser tão radicais.Temos que ter a humildade para aceitar que vamos precisar sim das pessoas, e que não seja por quaisquer bobagens mas em momentos realmente importantes em nossa vida.

    Receba meu abraço amigo, em alguns dias estarei deixando a blogosfera mas com certeza a nossa relação não se limitará apenas ao blog.
    Amei te conhecer e interagir com vc por aqui tbm.

    Bjs


    "Nossas digitais não se apagam das vidas que tocamos ." do filme Remember Me

    ResponderExcluir

Prezados leitores,
Sou partidária do pensamento de que o poder de criticidade ajuda o outro a melhorar, a crescer, bem como também sou a favor do trabalho em equipe. Penso que duas ou mais cabeças sempre pensam melhor...Por isso aceito críticas, sugestões, manifestações, entretanto, desejo que o façam de modo educado, com ética e respeito ao próximo...Não vedarei os comentários porque quero acima de tudo transparência, mas, desejo que as pessoas deixem aqui a sua identificação, grata...Patrícia Ventura.