sábado, 7 de abril de 2012

INQUIETUDES DA VIDA

Eu confesso que depois do dia 12/12/2011, quando apresentei o meu TCC este é o texto mais longo que escrevi. Sim, tenho atualizado o outro blog, mas para mim aqueles textos não contam, são pequenos textos em que muitas vezes não me preocupo muito com sua escrita, como por exemplo, com erros de digitação ou até mesmo erros ortográficos, levo o outro blog mais na brincadeira, como se fosse o meu hobby, o meu tira stress. Este texto é um texto diferente daqueles que escrevo para o escorpianapat. blogspot. com, este texto se assemelha aos textos que costumo escrever para o Recanto das Letras, entretanto, primeiro publiquei-o aqui...

EIS O TEXTO:
Inquietudes da vida


Quase sempre pela ação de outras pessoas estudamos e analisamos as nossas. Ao longo desta minha vida tenho amigos que são muito diferentes de mim. Aliás, a vida com toda certeza seria sem graça se todos fossem iguais. Claro que as diferenças são saudáveis, ao nos confrontarmos com as diferenças podemos questionar quem realmente somos o que queremos da vida, podemos enfim, nos confrontar com hemisférios diferenciados dos nossos, a fim de que possamos discernir sobre o que queremos e, principalmente, saber quem somos...

Fui uma criança e posterior adolescente que não tive tudo que quis, entretanto, nunca me faltou nada, principalmente alimentação que é a coisa que mais prezo. Todavia, cresci e como não tinha tido certas coisas que queria quando alguém me oferecia algo perto do “bom”, ou melhor, dizendo, quando alguém fazia algo para mim aproximado do ideal, sempre pensava que aquela pessoa não tinha obrigação de fazer aquilo e se estava fazendo, eu procurava aceitar aquilo com ideal.

Entretanto, essa postura diante das circunstâncias da vida não me deu o devido poder de criticidade que eu precisava para viver neste mundo. De repente, até me deu e eu não percebi. Ah, já sei, me deu sim, só que eu tinha medo de ofender as pessoas, magoar, colocar minhas opiniões, ou seja, falta de coragem para avançar e manifestar minhas verdadeiras opiniões.

Um dia na faculdade, na “bendita faculdade”, estávamos fazendo um trabalho em equipe, era um trabalho acerca de Bragança – PA, houve várias visitas técnicas in loco, conhecemos como vivia aquela população local, tiramos fotos dos mangues, passeamos, anotamos tudo, cada palavra dita por pessoas do local. Ah, no momento das fotos todos os sete integrantes da equipe queriam estar bonitos e presentes, parecia que tudo era festa... E eu com essa feliz mania de anotar tudo não perdia cada palavra, anotava até mesmo aquilo que desconhecia...

Anotei a entrevista que o Pe. Nelson, muito amável, nos concedeu, anotei tudo o que foi falado nas comunidades onde era produzido o artesanato bragantino.... Neste texto não há interesse que eu relate estas coisas, entretanto, eu queria escrever um texto solto, não queria me amarrar a nada, a imaginação foi fluindo e eu só parava de escrever quando percebia um erro ortográfico ou de digitação. Eh tenho essa mania...

Bem, dos sete integrantes da equipe pelo menos quatro participaram ativamente, ou seja, não me deixaram sozinha, não escreveram o trabalho, mas, estavam sempre por perto, nem que fosse apenas para colaborar com a merenda, ajeitar as fotos no Word que é um grande saco, manifestar opiniões construtivas, ler e reler o trabalho para identificar possíveis erros, amo quem faz isso e realmente quatro colegas foram incansáveis nessa empreitada.

Todavia, o trabalho foi concluído com 80 laudas, ou páginas, como queira chamar, sabe o ser humano é vaidoso e eu não fujo a regra: eu pari estas 80 laudas, sim, eu escrevi sozinha, sempre com meus 4 incansáveis colegas, mas, a munheca no PC era a minha e mesmo quando os colegas se iam eu varava madrugada adentro em nome deste trabalho de BRAGANÇA, tenho até um certo ciúme dele rsrsr!

Quando este “Filho” estava quase pronto para vir ao mundo uma colega remanescente daquelas três que não produziram nada, mas que estavam em todas as fotos, rsrsr (ai como eu sou venenosa rsrsr), me apareceu com um parágrafozinho de pouquíssimas linhas, o que ela queria dizer estava certíssimo com relação ao nosso estudo, todavia, estava escrito tudo errado, com gravíssimos erros ortográficos da Língua Portuguesa.

Ai meu Deus, como eu ia dizer aquilo sem machucar aquela figura? Voltei no tempo, no passado em que não exercia o meu poder crítico para não magoar as pessoas, pensei e resolvi não colocar no trabalho os escritos dela pensando talvez que ela não iria dar pela falta, ledo engano o meu. A figura avançou que nem uma louca em cima de mim parecia que queria me bater, apontou o dedo nas minhas fuças e me inquiriu diante da professora responsável por este trabalho o porquê de eu não ter acrescentado o parágrafo dela. (será se esse “porque” é junto e acentuado?). Rsrsr!

Eu que queria protegê-la, não machucá-la e preservar também nosso trabalho de graves erros e a professora que eu amo tanto bem ali na minha frente, eu fui às raias da loucura e finalmente explodi: “eu não ia colocar esse parágrafo cheio de erros de português no nosso trabalho”... Foi bem pior do que está sendo relatado neste momento, levando-se em consideração caras, bocas e trejeitos associados a momento de intensa fúria.

Claro que nossa grande mestra contornou a situação de uma maneira amistosa, maleável, profissional e amiga. Com o passar do tempo essa minha colega cresceu, a transformação dessa criatura foi a alhos vistos, até hoje os professores comentam que ela era um diamante bruto e passou por um processo de lapidação, a apresentação do TCC dela foi um grande sucesso e enorme demonstração de superação. Fico feliz com esse desfecho.

Depois, em outros setores de minha vida pude perceber o quanto o consumidor está exigente, fui vendo coisas aos poucos, às vezes saía com amigas que comigo pareciam bem legais. Mas, se iam a determinados restaurantes, bares ou outros locais públicos sempre tinham algo a reclamar. Era mais ou menos assim: a capa que cobre a cerveja está estalada; a fumaça do churrasco está vindo em nossa direção; a comida está demorando; o garçom passa uma vida para vir atender; a farofa foi insuficiente; eu só tomo se for coca cola se não for não fico neste lugar; teve até uma vez em que tivemos que nos levantar do recinto porque a tal da coca cola era cinquenta centavos mais cara do que de costume...

Bem, com todas essas chatices e frescuras, eu fiquei pensando assim: deve haver algo de muito errado comigo. Não devo ser crítica o suficiente, pois, não vi nada de errado nos estabelecimentos e casos citados acima. Um dia até comentei com minha mãe que pessoas assim são geralmente pessoas que frequentam um curso superior e se tornam assim para aparecer ou coisa parecida. E eu estava fazendo aquilo que sempre quis na minha vida: um curso superior, mas, não queria me tornar uma criatura chata a esse ponto.

Um dia, em uma de minhas viagens costumeiras de inicio de ano em janeiro, percebi que minha amiga, estava um tanto pior no que concerne a suas atitudes críticas em relação a qualquer produto ou serviço adquirido por ela. Esta pessoa sempre deixou bem claro que éramos amigas e que, portanto, teríamos confiança para dizer certas coisas uma para outra... Só que a coisa não funciona bem assim. Quando se fala tudo é possível, porém, quando se ouve... Ai, ai, ai a coisa pega, as pessoas gostam de dizer, mas de ouvir jamais, rsrsr!!

Havíamos marcado o almoço com os garçons da pousada para meio dia em ponto, sabe como é nesses lugarejos de interior, eles não querem pressa para nada. Quando deu 11:45 minha amiga começou a perguntar se o almoço já estava pronto...Dai, em diante, eu não aguentei e de certo modo disse a ela que ela cobrava demais das pessoas quando estas estavam prestando-lhe algum tipo de serviço, ou seja, quando tinha dinheiro envolvido.

Eita que foi um pára para acertar, minha amiga em princípio se sentiu ofendida, chorou, esperneou, foi para o quarto conversar em particular com o esposo, depois voltou com cara de menina levada, pedindo desculpas e dizendo que aquilo a havia magoado porque eu não fora a primeira pessoa que dissera aquilo a ela. Que realmente ela tinha que se policiar, mas que ela era desse jeito e não podia mudar...


                                                    Foto da internet

Eu disse a ela que eu não era comerciante nenhuma, e que, portanto, não ia nunca vender nada a ela e por isso como amiga alertei-a... Entretanto, o que ela me disse na hora da raiva fora muito mais grave, ela feriu a nossa amizade profundamente dizendo algo relacionado à nossa amizade na raiz e que eu não esquecerei... Por isso seu pedido de desculpas.

Tornei a encucar, será que não sei ser crítica? Mas lembrei da bondosa professora que presenciou a nossa fúria em sala de aula... Minha grande mestra, professora Socorro, um dia, fora de qualquer confronto, estava eu conversando sobre a futura profissão para qual eu estava estudando, estava com muitos questionamentos. Em meio a estas conversas um tanto profissionais a minha professora me disse que eu era uma pessoa com alto poder de criticidade, eu nunca esqueci isso... O modo como ela colocou demonstrou que esse fato era favorável em minha pessoa e muito contribuía para que eu fosse avante à caminhada.

Até hoje, ainda não compreendi muito bem a minha amada mestra, como eu sou crítica? Já frequentei muitos lugares, do luxo ao lixo, restaurantes então, nem se fala, do top de linha até a ponta de estoque, sei reconhecer de longe quando uma comida é realmente boa, afinal sou cozinheira, mas, não me lembro de alguma vez ter criado algum mal estar por não gostar de alguma coisa. Costumo a dizer para os meus parentes e amigos que quando não gosto de determinado local jamais volto lá. Sim esse e meu posicionamento, não volto mesmo, a casa perde o cliente...Então, como eu sou crítica?

Eu já começo a entender, mas, não sei explicar, não sei colocar as palavras, quem sabe este texto explica por si só o meu modo de ser, de agir e ele sim, responde o grau de meu poder de criticidade ante as “situações” e “situações” do mundo.



P.s: primeiro escrevi o texto, já com ele escrito pesquisei uma foto na net!
Patrícia Ventura

Texto escrito em 07/04/2012

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Sou partidária do pensamento de que o poder de criticidade ajuda o outro a melhorar, a crescer, bem como também sou a favor do trabalho em equipe. Penso que duas ou mais cabeças sempre pensam melhor...Por isso aceito críticas, sugestões, manifestações, entretanto, desejo que o façam de modo educado, com ética e respeito ao próximo...Não vedarei os comentários porque quero acima de tudo transparência, mas, desejo que as pessoas deixem aqui a sua identificação, grata...Patrícia Ventura.