Vez por outra eu me pegava pensando no que escrever nesta postagem. Via no meu cérebro as palavras arrumadinhas. Mas não tinha iniciativa para escrevê - las. Pensava: é a falta do computador. Porque escrever no tablet ou no celular não é a mesma coisa. Mas hoje entendi que não era nada disso.
Vivemos inflamados por dentro. Chega a doer. Uma ocasião sentia um sintoma: acordava como se tivesse chorado a noite inteira. Depois apareciam uns soluços. Hoje sinto tantas dores que nem sei quais são de verdade ou não. Como se minhas carnes estivessem moídas por dentro.
Uma amiga me disse que nem estava podendo assistir TV e ver coisas emocionante que chorava. É o mundo está carente. O mundo está doente. Na mesma conversa concluímos que pessoas com mais de 40 anos já estão sequelados pelos sofrimentos oriundos de nossa própria vivência. Vamos ficando duros. Perdemos a inocência. Frustrações daqui e da li nos levam a uma situação que temos que nos mostrar fortes. Fazer da fraqueza a força e por isso as dores são geradas.
Ainda digo: quando pensava neste texto ele não tomava este rumo. Acho que meu coração estava meio (meio não) totalmente cheio de rancor pelo caso ocorrido no dia 16 de Outubro deste ano ( 2014).
Não sei se já passou. Mas a minha história escrita que está na minha cabeça é acima de tudo uma história de fé. Só que agora precisava escrever e as palavras estão saindo mas a formatação que quero dar aí texto não é esse. O corpo está errado. A ideia pode até estar certa ou vice versa. Comprovadamente nada está aqui no papel parecido com o que está na minha cabeça. Por que?
Há aproximadamente três anos minha filha mais nova começou a namorar um rapaz. Era muito jovem e é claro não queríamos. A gente sempre quer o melhor para eles e estudo em primeiro lugar. Mas essa juventude não ouve ninguém é faz o quer. Daí para nascer a nossa netinha foi um passo muito curto. Hoje a criança está com dois anos e meio e é nossa maior alegria.
Daí para frente a filha priorizou muitas coisas, menos o estudo. De vez enquanto faz alguns bicos, arruma uma grana aqui e acolá que serve para ela ter mas quem sustenta a criança sou eu como se fosse minha filha. Evidentemente a família paterna da criança ajuda com uma coisa ali e aqui. Mas sabe aquela coisa de "eu vou mandar o material para tua casa para fazeres a comida para mim". Sempre falta alguma coisa e você sempre entra nem que seja só com o sal rsrs! Brincadeira, mas é isso mesmo! Por outro lado o velho, porém, atual ditado " o dono da vaca é o dono da cria" está sempre presente neste caso.
Depois de algum tempo eu já até achava legal esse namoro. O menino pertence a uma família de idosos e todos na casa são bastante religiosos. Para os leitores terem uma idéia eles tem até um parente em processo de Canonização no Vaticano. Eu estava até feliz. Se eu precisasse me ausentar da cidade ficava feliz em ver minha filha ficar com a neta na casa da tal família. Melhor do que solta por aí.
Nós somos meio festeiros. Gostamos de festinhas em casa. Rola comidinhas gostosas. Bebidinhas. Coisas que fazemos por nossas próprias mãos e com muito carinho. Pois este menino passou algumas festinhas em nossa casa. Como era difícil acertar o seu gosto alimentar. Nada ele gostava. Um dia descobri que ele gostava de arroz branco e vatapá . A partir de então eu separava. Guardava. Lembrava a fim de que ele podesse comer, degustar numa boa e nunca faltar...
Aliás comer bem e receber pessoas e fazê - las se sentir bem em nossa casa é nossa marca registrada. Gostamos de fazer isso. Mas sinto que pelas pauladas da vida até isso está se esvaindo. ..Mas não podemos perder a nossa essência. ..
Bem, o que quero dizer é que sempre me senti a vontade com o namoro de minha filha. Achava de verdade que quando ocasionava dela ficar por lá eu realmente ficava tranquila porque achava que minha filha tinha encontrado uma segunda família.
São essas coisas que ao longo do tempo vão envenenando e machucando a gente. A gente espera demais das pessoas. A gente espera que as pessoas nos trate como nós as tratamos...É aquela velha frase "não trate com prioridade quem te trata como segunda opção"... E isso sempre acontece! !!
As vezes penso como fui ingênua! Mas o que de fato aconteceu? Bem, meu marido esteve viajando por quase três meses. Chegou no dia 14 de outubro. No dia 15 foi dia do professor. E no dia 16 aconteceu uma coisa horrível com nossa filha. Minha filha foi espancada pelo namorado, pai da minha neta. E pasmem, por causa de $60, reais. O ocorrido aconteceu por volta das 11 da manhã e fomos saber da história já eram mais de 14 horas. Daí então todos saíram para fazer alguma coisa. A minha filha foi internada no pronto socorro da 14 de março e algumas pessoas amigas se mobilizaram e foi um corre- corre. Eu não podia sair de casa e nem fazer nada somente rezar até porque eu era a única pessoa disponível para ficar com a minha neta.
As 21 horas meu marido e filho chegaram em casa para me fazer companhia e me ajudar com a criança. E outras notícias chegavam pelo celular e whatsap. As 21; 30 recebemos a notícia que minha filha seria operada e seria retirado o baço. Aprendi a não sofrer por antecipação. Coloquei tudo nas mãos de Deus. Pouco antes de meia noite soubemos que precisaria de doadores de sangue. Poderia ser de qualquer tipo. Os doadores deveriam chegar no Hemopa e citar o nome completo dela. Fiz uma reunião com filho e marido e todos concordaram em pedir a doação pelo Facebook.
Como as pessoas são curiosas. Muitos me procuraram com a desculpa da preocupação e outros fingiram que nem viram. Oh seres humanos são verdadeiros animais. Nitidamente a espécie humana ainda me surpreende com suas animalescas atitudes. Logo eu que nem deveria me alarmar mais com nada afinal vivo dizendo que " conheço Adelaide".
Sei que foi uma atitude infantil de minha parte, mas, minha primeira atitude diante do que aconteceu foi desligar toda a família do menino do meu Facebook. Minha filha quase morreu e diante de tamanha tragédia ainda não sou falsa o suficiente para ficar de risinhos e curtidas com eles. E nem sei se algum dia vou ser falsa o suficiente para ficar de beijinho beijinho com alguém que me machuca. Umas meninas da família dele me procuraram pelo face e pelo whatsap e ainda disseram: eu COMPREENDO tia que a senhora esteja com RAIVA... Raiva? Não não era raiva. Raiva é um sentimento medíocre e pequeno digno de gentinha. ..Gente pequena! Como eu poderia estar com raiva se a minha filha estava entre a vida é a morte? A gente crer no milagre. Mas também temos que o merecer. E não é sentindo Raiva que vamos fazer por merecê lo. Eu apenas não queria falar com ninguém. Queria pensar. Queria entender. Queria ruminar e deglutir aquela situação.
Minha filha também quebrou a costela e foi um sufoco os primeiros dias em que ela voltou para casa. Minha neta é muito tola e com a mãe por perto só quer fazer as coisas com ela. Tivemos que tirá-la da casa por uma semana. A fim de quando voltasse encontrasse a mãe recuperada. E talvez devido a juventude minha filha realmente se recuperou muito rápido. Se fosse eu tinha morrido.
Deus escreve certo por linhas tortas...O ditado é curto e certo. Em outubro pela quadra nazarena muitas pessoas me procuraram e me encomendaram orações e eu vi a imagem que representa a Virgem de Nazaré em vários momentos. Em cada romaria ou momento que eu a via pedia sempre em nome de muitas causas que as pessoas me pediram. Em muitas causas eu até desconhecia o problema. Apenas citava o nome das pessoas. Mas quando vi Nossa Senhora no dia da trasladação pedi fervorosamente pela minha filha caçula. Nem eu sabia o que pedir. Apenas sabia que tinha que pedir por ela e fervorosamente. Vi a Santa nesse dia perto do Manuel Pinto da Silva e quando a imagem deu as costas e eu vi a parte de trás do manto estava meio chorosa. Emocionada. E com a certeza de que essa filha ia precisar de passar por algo. Algo grave a fim de que depois novos horizontes se abrissem em sua frente. Mas que Nossa Maezinha estaria com ela.
Como disse lá em cima aprendi a não sofrer por antecipação e quando minha filha estava no pronto socorro eu lembrava do dia da trasladação e sabia que minha Santinha não me faltaria.
Neste 16 de dezembro faz dois meses do ocorrido. Minha filha que fazia o convênio e praticamente não ia a escola por causa da filha. Porém passou no vestibular de três faculdades. Em duas passou de primeira e na terceira passou de repescagem. Eu sempre brinco: poxa que inteligência essa porque com esse troféu de dois anos e meio não é brinquedo não. .. Mais uma vez a Mãe de Nazaré esteve presente e eu agradeço imensamente. ..
As alegrias foram muitas. Mas nem se pode curti-las. Como eu disse lá no título a gente vive sequelados. .. Até mesmo as alegrias nos causam choros e lágrimas. .. Claro, todo mundo fala que está bem para dar uma satisfação social, ética e amigável à sociedade, mas na verdade as pessoas estão chorando por dentro. Isso se acumula e você vai morrendo aos poucos. E não estou falando somente de mim. Apenas exemplifiquei com uma única coisa que aconteceu na minha família. Mas acontece muito mais e com todos. O mundo está assim: doente!
Não tenho raiva de ninguém. Apenas não quero contato. Não desejo mal. Mas quero me afastar do que me faz mal. Lucramos. Mas a chaga emocional está aberta e isso só o tempo. E quando eu digo SEQUELADOS quero dizer TODOS, sem exceção. ...
É por aí. ...
Somente agora meu emocional deixou este texto sair...
Oi hoje foi que consegui ler o teu post.
ResponderExcluirEu te entendo, como já falamos a tempo gosto dos ditados antigos e a minha sogra diz um que se enquadra aqui.
Elas não matam, mas aleijam.
A vida é assim mesmo, temos que saber dar a volta e isso só é possível através de Deus.