O objeto de pesquisa para a realização deste trabalho foi o Auto do Círio, o qual se observa de grande relevância para a cultura do povo paraense e a fim de fundamentar e ilustrar este trabalho, comprovando a importância do evento para o povo, vê-se a necessidade de inserir algumas entrevistas e fotos realizadas no dia 10/10/2008, na Praça do Carmo, local onde deu inicio o cortejo.
Maurício Souza dos Santos com a equipe do Curso de Turismo da Fabel em entrevista com os acadêmicos.
O Auto do Círio acontece na sexta-feira que antecede o domingo do Círio, foi criado pelo Núcleo de arte (Nuar) da UFPA em 1993, este ano seria a 15º edição do espetáculo se o mesmo tivesse ocorrido em outubro de 2006, mas, por falta da confirmação de patrocínio em tempo hábil, o coordenador professor Miguel Santa Brígida há 12 anos como diretor do espetáculo cancelou a apresentação em 2006.
O Auto do Círio acontecesse no bairro da Cidade Velha, o critério de escolha do local a ser encenado o espetáculo foi objetivando resgatar a importância histórica devido a revitalização do Centro Histórico da Cidade Velha, além de agregar valor histórico, o manifesto cultural é uma maneira alegre de saudar e prestigiar a Virgem de Nazaré, pela ocasião de seu Círio.O cortejo popular reuni 500 atores, profissionais e amadores que apresentam um espetáculo dividido em 5 atos: Dança, Música, Teatro, Cultura Popular e Apoteose, misturando o erudito, o popular, o folclórico e o carnavalesco.
O primeiro Auto do Círio aconteceu em 1993 foi coordenado por Amir Hadad, este foi responsável pela direção do espetáculo até 1995, quando, no ano seguinte foi substituído por Miguel santa Brígida, que está até os presentes dias como coordenador do evento.
Em 2003 por ocasião da comemoração de 10 anos de espetáculo, o Auto do Círio ganhou projeção nacional e adesão de grande número de artistas cênicos brasileiros.
Para logo em seguida, bem como, o próprio Círio e a Romaria Fluvial, o Auto do Círio, ser reconhecido como patrimônio imaterial, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAM) no ano de 2004 e nesse mesmo ano a Escola de Samba Viradouro, no Rio de Janeiro, homenageou o Círio de Nazaré.
Em 2005 reuniu um público de 5.000 pessoas, ganhou dimensão dentro e fora da UFPA. No ano seguinte, 2006, por falta da confirmação de patrocínio em tempo apropriado houve o cancelamento do espetáculo. O patrocínio se faz indispensável devido ao implante de complexas infra-estruturas técnicas, no que diz respeito a palcos, sons, luzes, arquibancadas, sistema de microfones e outros.
Em 2007, a manifestação cultural foi à rua explorando temas Afros relacionados a Orixás e entidades negras, carnaval e samba.
Este ano, 2008, o tema é “Por uma Belém de Paz”, segundo o Diretor-coordenador do espetáculo o tema faz alusão a crescente violência que vem aumentando na capital paraense.
Um fato de extrema particularidade observado em pesquisas e mesmo em entrevista com alguns participantes da festa é que os próprios atores confeccionam seus figurinos sob supervisão da coordenação e ainda tem pessoas que participam com intuito de pagamento de promessas a Santa.
De ano para ano surgem inovações, em 2005 houve a participação de Fafá de Belém e Natal Silva, em 2007, celebrações referentes aos africanos e afro-brasileiros e este ano a homenagem final prevê um show pirotécnico com apresentação da Escola de Samba Tradição Romaense, além da presença de Dominguinhos do Estácio, considerado “padrinho” do Auto.
O Cortejo Popular conta com uma platéia ambulante que reuni todas as classes sociais, o publico cresce anualmente, mesmo sendo uma festa profana se faz presente o apoio da Igreja e da população católica ou não, é o que relata o professor Santa Brígida.
A professora Ana Seixas Lourenço, participante a quatro anos do Auto do Círio conta em reportagem que se surpreendeu com a dimensão de transformação do Auto do Círio, tornando-se este identidade do povo paraense. Ana também comenta que sua mãe e irmã moram em São Paulo virão para prestigiar a festividade. A vinda de pessoas de outras localidades com intenção de prestigiar o Círio ou as festas que o precede é um forte fator contribuinte para o fomento do turismo na capital paraense, mesmo sendo o Círio algo que movimente a economia da cidade em um período sazonal, acredita-se que o caminho para o desenvolvimento turístico, já esteve muito mais inatingível. Além do que, Belém conta com a hospitalidade de seu povo, beleza de patrimônio histórico e cultural, e peculiaridades próprias da culinária, todos estes fatores positivos propiciam para que o turismo seja alavancado, porém, esbarra-se em fatores negativos como a falta de segurança, sinalização e limpeza que contribuem para denegrir a imagem de Belém.
Acredita-se que através de estratégias para o fomento do turismo associados às forças dos órgãos competentes do setor publico em nível estadual e municipal e ainda contando com parcerias de instituições privadas pode-se impulsionar a economia local dentro da área do turismo, em principio, timidamente, pois os aspectos negativos de difícil solução são muitos, a exemplo, cita-se, o transito caótico, a falta de estacionamento, segurança e serviços sociais, que ainda apresentam falhas crônicas se constituindo fatores limitadores do turismo em Belém. Este fato se contrapõe com magníficas potencialidades que a cidade apresenta que a torna exótica em relação a outras capitais brasileiras, tais como: a natureza, praias de água doce, folclore, cultura e culinária.
Jamil Mouzinho, 42 anos, produtor cultural artístico, trabalha para o evento acontecer, ele diz que o Auto é uma manifestação artística que reuni fé alegria e carnaval, os próprios atores montam seus figurinos de acordo com a orientação da coordenação; cada ator ou atriz arca com as despesas e custos de suas fantasias e muitos materiais são reaproveitados e reciclados para a confecção de peças, adereços e figurinos em geral. Jamil falou também que ainda não conseguiram conscientizar a iniciativa privada para ajudar no patrocínio, pois este provém do Estado e da prefeitura, porém, é insuficiente para suprir o potencial do evento.
Maurício Souza dos Santos, conta que é o segundo ano de sua participação no evento, este ano (2008) sua fantasia chama-se “A Pomba da Paz.” Maurício diz que o Auto do Círio é uma manifestação cultural de muita alegria, numa mistura de profano e religioso, cresce a cada ano e para ele é uma prévia do carnaval, na vida dele os dois eventos emendam como extensão um do outro.
Thompson Alvarenga Prado, 27 anos, professor de espanhol, ator, atuando pela primeira vez no Auto do Círio, porém já atuou em outros trabalhos, sua fantasia é denominada de Cravo, que faz parceria com a rosa, numa semelhança com Romeu e Julieta.
Juliani, 17 anos estudante de Jornalismo da FEAPA, relata que o Auto é visto por dois seguimentos da população, o primeiro tem noção que o evento é um patrimônio imaterial e outra boa parte da população participa apenas para brincar, ela considera o espetáculo uma programação pré-círio tendo grande relevância para o fomento do turismo na cidade, porém, considera o evento pouco divulgado e por isso passa pelos olhos do turista como apenas mais um carnaval e sabe-se que não é isso, é um evento altamente cultural.
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